Oi, oi! Depois de um tempo de sumiço, hoje tem resenha nova, vem ver o que eu achei de Ratos:
[...] sempre
existirão limites – fronteira que simplesmente não somos capazes de atravessar,
questões que nos tocam tão profundamente que não podem ser compartilhadas.
Talvez, pensei, aquilo que não conseguimos compartilhar com os outros seja o
que define quem somos.
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Quando um gato
entra na toca dos ratos, ele não vai embora deixando-os ilesos. Eu sabia como
aquela história iria terminar. Ele mataria nós duas.
A primeira leitura do ano foi uma grata
surpresa. Um thriller psicológico envolvente do começo ao fim. Ratos, de Gordon
Reece, me conquistou pela narrativa fluida e, principalmente, pelos conflitos
que as personagens principais passam, nos fazendo questionar sobre qual o
limite do homem diante de situações extremas.
Ratos conta a história de Shelley e sua
mãe, Elizabeth. Logo no início da leitura somos apresentadas ao “universo”
oprimido que as duas vivem, cheias de medo do mundo, das pessoas e de como se
impor diante deles. Elas são completamente passivas em tudo que fazem,
submissas a níveis difíceis de ler sem causar incomodo. Verdadeiras marionetes do mundo que as cerca,
seguindo sem argumentar ou negar nada, mesmo que isso as prejudique
profundamente.
A princípio, depois de nos familiarizarmos
com a “condição’’ oprimida de Shelley, a leitura parece tratar somente sobre
bullying e as possíveis consequências que podem deixar em uma pessoa. Estava
enganada? Não inteiramente. O tema está intimamente ligado à futuras
modificações que ocorrem nas duas personagens, principalmente em Shelley.
A primeira parte do livro apresenta as
duas personagens acuadas acerca dos acontecidos com Shelley, e as marcas
literalmente deixadas na garota vítima de bullying na escola. Somos inseridos aos
problemas que a personagem principal enfrenta na escola e temos um breve
conhecimento de quando tudo começou a mudar.
Tudo começou
lentamente, com comentários irônicos de depreciativos que poderiam ser vistos
como brincadeiras, mas que logo perderam qualquer vestígio de bom humor e
mostraram ser o que realmente eram: palavras hostis e maldosas, ditas para
machucas. Eu fiquei em choque. Depois de tantos anos de amizade, o fato de
minhas amigas já não gostarem de mim me deixou surpreendida, desnorteada.
De melhores amigas a inimigas quase
mortais. A evolução dos abusos se tornavam cada vez mais repugnantes e o tempo
todo me perguntei como uma pessoa conseguia suportar tais agressões
diariamente. Mas não esqueçam, os ratos simplesmente se escondem e não
conseguem enfrentar o caçador. Ela era
um rato. Nada mais.
A incapacidade de falar, de pedir ajuda
ou se defender simplesmente não faziam parte da personalidade de Shelley,
sempre conformada com as situações que lhe impunham. Sofreu em silêncio por
muito tempo, tendo como único refúgio um diário.
Além disso,
contar à minha mãe ou à escola significaria confrontar minhas perseguidoras, e
eu era completamente incapaz disso. Simplesmente não tinha essa força. Não
tinha essa personalidade. Eu era um rato, não esqueça. Parecia-me mais natural
não dizer nada, sofrer em silêncio, manter-me quieta e esperar não ser vista, e
esgueirar-me pelos cantos à procura de um lugar seguro onde pudesse me
esconder.
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Eu rabiscava
inconscientemente a folha de papel enquanto revirava frases de despedida em
minha mente, e quando olhei para a mesa, não consegui conter um sorriso amargo
ao perceber o que eu havia desenhado. Era um rato. E ao redor de seu pescoço havia
uma corda grossa.
A segunda parte, talvez a mais
envolvente e eletrizante, ocorrem as principais reviravoltas da trama. Chega o
momento da tão esperada mudança em ambas as personagens, embora tenha se dado
de forma a ser questionada. Digo isso devido às ações e motivações que Shelley
e Elizabeth tomaram, porém surpreendente lhes transformou em algo diferente. Isso
causou um sentimento novo, um estado de espirito diferente, desconhecido até
então em Shelley.
Não eram mais simples ratos. Não eram a
caça. Se tornaram o caçador!
Quando olhei meu
reflexo novamente, fiquei surpresa ao ver meus dentes brancos. Eu sorria
abertamente. E, então, soube qual era aquela emoção destoante: era alegria.
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Caramba!, preciso ler esse livro, não tinha ouvido falar dele, mas fiquei bastante curioso (adicionado a lista de desejados, hehe). Sua resenha está otima, amei sua escrita, é gostosa de se ler. Seguindo o blog, e ansioso por novidades
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