Iaí pessoal, fazia um tempinho que não aparecia por aqui né? Mas voltei, e com novidades, sim, o blog tem uma colaboradora nova, Larine Brito e a resenha de hoje é dela, vejam o que ela achou de Por Lugares Incríveis:
Ser sugado para dentro de um buraco negro seria o
jeito mais legal de morrer. Não há ninguém que tenha experienciado isso, e os
cientistas não conseguem decidir se, depois de atingir o horizonte de eventos,
a pessoa passaria semanas flutuando antes de ser despedaçada ou se viraria uma
espécie de turbilhão de partículas e acabaria queimada viva. Fico pensando como
seria se fôssemos engolidos. De repente, nada mais importaria. Nunca mais nos
preocuparíamos com coisas do tipo aonde ir ou o que vai acontecer ou se vamos
decepcionar alguém de novo. Tudo isso...simplesmente...desapareceria.
******
Um livro que toca profundamente, nos
fazendo questionar sobre os conceitos que temos sobre vida, morte e amor. Por
Lugares Incríveis, um livro que te faz refletir sobre o que somos e o que
aparentamos ser. Um livro que te faz querer olhar para além das aparências
...seja ela qual for.
Por Lugares Incríveis, da autora americana
Jennifer Niven, é mais um livro YA (Young Adult) que conquistou fãs ao apresentar
Theodore Finch e Violet Markey, adolescentes diante de problemas nada fáceis.
Depois de um grande trauma, a perda da
irmã em um trágico acidente, Violet ainda não se recuperou emocionalmente e não
conseguiu retomar a vida de antes. Ela se fechou num mundinho, e, apesar dos
pais, amigos e professores relevarem muito sua atitude inflexível diante de
tentativas de ajuda-la, rejeita a ideia de prosseguir a vida, enquanto sua irmã
não tivera a mesma oportunidade. Além de ser a típica garota popular: linda,
inteligente, líder de torcida, namorada do cara mais desejado da escola, um
clichê que me incomodou bastante, principalmente no início da leitura, ela é muito
mais. Seu amor a escrita foi bloqueado após a perda, e a o blog que
compartilhava com a irmã, deixado para trás.
Mas tudo muda quando seu caminho cruza com
Theodore Finch, em meio a uma situação nada comum. É o momento em que começamos
a perceber o que virá...E isso não é bom.
Finch é um cara com muitas caras. Sim,
temos muitos Finchs ao longo da leitura, são facetas diferentes quase a cada
capítulo, e nos deparamos com um garoto de 17 anos cheio de porquês.
Theodore é “estranho” aos olhos de muitos,
uma ABERRAÇÃO para a maioria, mas para alguém como Violet, um Theodore cheio de
surpresas interessantes, cheio de conceitos interessantes, envolto a
perspectivas interessantes, um cara que lhe mostrou um novo mundo e lhe
resgatou do fundo do poço. Embora o mesmo não tenha acontecido a ele.
Durante a narrativa nos deparamos com um
Finch desconhecido para a maioria, até mesmo para sua família. A cada linha nos
envolvemos ainda mais nos conflitos que ele enfrenta, muitas vezes ilógico, mas
outras, totalmente compreensível. Ele não se preocupa com o amanhã, somente com
o agora, o “pra valer” que está em suas mãos. Ele é alegre, agitado, criativo,
descolado; às vezes, triste, deprimido, solitário. Ele é muitos em um. Isso,
nesse caso, repito, não é nada bom.
Como esperado, depois do caminho de Violet
e Finch ser entrelaçado, algo a mais acontece. De “desconhecidos” ao plano de
“mais que amigos”, essa é a parte fofa do livro, além de óbvia. Porém, tudo
muda. Depois de Finch ser a válvula de escape para Violet, ajudando na
superação de antigos temores e traumas, é a vez de Finch nos revelar, de fato, sua
verdadeira essência. O choque toma conta do fabuloso Theodore Finch e, leitores
mais desprevenidos, também sentem o mesmo: medo do que virá.
Sou defeituoso. Sou uma fraude. Sou
impossível de amar.
A partir daí começa a parte mais intensa
do livro. Falar demais poderia revelar muito a quem ainda pretende ler, mas é importante
falar que a autora toca no que há de mais sensível em nós. Ela aborda um tema
pouco discutido, embora seja algo digno de maiores preocupações e debates.
Confesso que demorou um pouco para me
deixar cativar pela narrativa, mas não há como não se emocionar lendo esse
livro. É um tipo de leitura que te faz pensar sobre muitas coisas ou como as
coisas poderiam ser diferentes apenas se parássemos um pouco e olhássemos ao
nosso redor, não apenas as aparências, mas além disso. As aparências podem
enganar, um sorriso pode não ser um sorriso, ajudar alguém pode ser um pedido
de ajuda e quando ela não vem, os resultados podem ser trágicos.
O que percebo agora é que o que
importa não é o que a gente leva, mas o que a gente deixa.
******